terça-feira, 28 de junho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
grande desfile da beija flor
Beija-Flor de Nilópolis/2001 – “A Saga de Agotime - Maria Mineira Naê”
Prezados Leitores, é com imensa alegria e satisfação que voltamos a atualizar esta coluna. Brindemos juntos, ao recordarmos um desfile inesquecível por vários aspectos, que no decorrer da narrativa, vai se entender, e também porque é tido por muitos, como um “divisor de águas”. O enredo é fruto das histórias contadas pela Pajé Zeneida Lima, que é descendente direto da mitológica Rainha Agotime, uma africana que fora feita escrava no Brasil, trazida para São Luís do Maranhão, onde até hoje existe a Casa das Minas, reduto criado por Maria Mineira Naê. Vamos acompanhar na íntegra, trechos da sinopse do enredo:
“Tudo se deu numa época de uma África conturbada, de guerras tribais em busca do poder. Durante muitos anos continuaram as lutas por conquista de novos territórios. Muitos reis passaram e o Dahomé, que era apenas uma cidade, torna-se um país. Em Whidah, o grande porto de venda de escravos, é jogada nos porões imundos de um navio e trazida para o Brasil. O sofrimento físico da rainha, traída e humilhada era uma realidade menor, pois, seu espírito continuava liberto, e, sobre as ondas, sem grilhão, a Rainha lidera um grande cortejo e atravessa o mar. Seu primeiro destino foi Itaparica, na Bahia, porto de seu destino e terra santa do conhecimento, desembarca a escrava e cumpre a sua missão. Vinda de uma região onde poucos escravos se destinavam ao Brasil depara-se Agotime com muitos irmãos de cor, mas não de credo. No seu encontro com os Nagôs teve o seu primeiro contato com os Orixás e através deles a Rainha escrava teve conhecimento de seu povo. Por eles soube que sua gente era chamada negros-minas e foram levados para São Luís do Maranhão. Contaram que não tinham local para celebrar o seu culto, pois esperavam um sinal de seus ancestrais. Agotime logo entendeu por quem esperavam. Chegou no Maranhão. Terra de encantaria e de forte representação popular. Encantada terra...encontro dos deuses... Terra das festas dos povos e do culto Mina-Jêje. Guardou essa, as tradições da Europa, pura ou mescladas com as dos naturais da terra e do negro da África, tendo assim um grande apelo folclórico. Lá os tambores afinados à fogo e tocados com alma por ogãs inspirados por velhos espíritos africanos, ecoam por festa e por religião. Formou-se nesta terra de alma iluminada, de onde flui poesia por todos os becos um povo místico, poético e festeiro. E é aqui que o destino fica claro. É no Maranhão que Agotime, a escrava, volta a ser Rainha. Sob orientação de seu vodum funda a ‘Casa das Minas de São Luís do Maranhão’. Depois da fundação, Agotime recebeu o nome de ‘Maria’, da região da costa da mina, na África, herdou ‘Mineira’ e de seu vodum ‘Naê’. Passou então a Rainha a chamar-se Maria Mineira Naê. Assim, as raízes do culto estavam plantadas no Brasil com a fundação da “Casa de Xelegbatá em São Luís do Maranhão.”
A Alvi-celeste de Nilópolis foi a última escola a desfilar no Domingo, já com o dia raiando. Os que acompanharam todo o carnaval de 2001 sabiam que a escola era franca favorita ao título, que contava além do belo enredo com um dos sambas mais bonitos da safra, e também pelo fato da Beija-Flor ser tradicionalmente competente ao desenvolver enredos afros.
A Comissão de frente era composta por mulheres sacerdotisas de Agotime, que foi simbolizada por uma pantera negra, pois segundo a tradição Vodum, era o animal a que se transformava a Rainha. Com coreografia específica, a fantasia ainda é um dos “posters” mais popular do carnaval, tinha dupla face, ora felina, ora mulher, admirável e muito aplaudida na Avenida.
Na seqüência uma ala chamava a atenção pela forma que suas integrantes desfilavam: acocoradas, eram as Pretas Velhas, teatralizando este rico personagem do culto afro. Reza a lenda, que nos bastidores da escola, houve intensos e exaustivos ensaios, para que o resultado fosse alcançado, e a ala impressionou. Senhoras que venceram o cansaço físico, da concentração à dispersão desfilando encurvadas.
As baianas de Nilópolis estavam muito bem trajadas, animadas, com uma fantasia que iam do branco, laranja, vermelho ao marrom, sintetizando em cores a Velha África.
Belas alegorias estampavam o brilho desse cortejo afro, como todo enredo afro, cores e estilo que remontavam o negro, sua fé, cultura e principalmente a estória da personagem principal, Agotime:
A Bateria deu um show à parte, com bossas bem realizadas, ajudando a balançar o público nas arquibancadas, e contou com 300 ritmistas, comandada pelos Mestres Plínio e Paulinho Botelho, sacudindo os 4.500 componentes da Escola, que ajudaram a escola a faturar o Estandarte de Ouro de Melhor Escola e Enredo.
Estas duas imagens ajudaram a eternizar o desfile da Beija-Flor em 2001, com um desfile do mais alto gabarito, mais uma vez, demonstrando a força da comunidade de Nilópolis, apesar dos jurados terem dado a escola notas que culminaram com a segunda colocação, no grupo de elite do carnaval carioca.
Recordar é viver, agradeço a todos que lêem religiosamente o nosso periódico, especial esta coluna. Bom carnaval a todos, paz e muita alegria!
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Contatos: acelf@pop.com.br
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