sábado, 25 de junho de 2011

grande desfile da beija flor

 
beija-flor 2001

Beija-Flor de Nilópolis/2001 – “A Saga de Agotime - Maria Mineira Naê”



Prezados Leitores, é com imensa alegria e satisfação que voltamos a atualizar esta coluna. Brindemos juntos, ao recordarmos um desfile inesquecível por vários aspectos, que no decorrer da narrativa, vai se entender, e também porque é tido por muitos, como um “divisor de águas”. O enredo é fruto das histórias contadas pela Pajé Zeneida Lima, que é descendente direto da mitológica Rainha Agotime, uma africana que fora feita escrava no Brasil, trazida para São Luís do Maranhão, onde até hoje existe a Casa das Minas, reduto criado por Maria Mineira Naê. Vamos acompanhar na íntegra, trechos da sinopse do enredo:
beija-flor 2001“Tudo se deu numa época de uma África conturbada, de guerras tribais em busca do poder. Durante muitos anos continuaram as lutas por conquista de novos territórios. Muitos reis passaram e o Dahomé, que era apenas uma cidade, torna-se um país. Em Whidah, o grande porto de venda de escravos, é jogada nos porões imundos de um navio e trazida para o Brasil. O sofrimento físico da rainha, traída e humilhada era uma realidade menor, pois, seu espírito continuava liberto, e, sobre as ondas, sem grilhão, a Rainha lidera um grande cortejo e atravessa o mar. Seu primeiro destino foi Itaparica, na Bahia, porto de seu destino e terra santa do conhecimento, desembarca a escrava e cumpre a sua missão. Vinda de uma região onde poucos escravos se destinavam ao Brasil depara-se Agotime com muitos irmãos de cor, mas não de credo. beija-flor 2001No seu encontro com os Nagôs teve o seu primeiro contato com os Orixás e através deles a Rainha escrava teve conhecimento de seu povo. Por eles soube que sua gente era chamada negros-minas e foram levados para São Luís do Maranhão. Contaram que não tinham local para celebrar o seu culto, pois esperavam um sinal de seus ancestrais. Agotime logo entendeu por quem esperavam. Chegou no Maranhão. Terra de encantaria e de forte representação popular. Encantada terra...encontro dos deuses... Terra das festas dos povos e do culto Mina-Jêje. Guardou essa, as tradições da Europa, pura ou mescladas com as dos naturais da terra e do negro da África, tendo assim um grande apelo folclórico. Lá os tambores afinados à fogo e tocados com alma por ogãs inspirados por velhos espíritos africanos, ecoam por festa e por religião. Formou-se nesta terra de alma iluminada, de onde flui poesia por todos os becos um povo místico, poético e festeiro. E é aqui que o destino fica claro. É no Maranhão que Agotime, a escrava, volta a ser Rainha. Sob orientação de seu vodum funda a ‘Casa das Minas de São Luís do Maranhão’. Depois da fundação, Agotime recebeu o nome de ‘Maria’, da região da costa da mina, na África, herdou ‘Mineira’ e de seu vodum ‘Naê’. Passou então a Rainha a chamar-se Maria Mineira Naê. Assim, as raízes do culto estavam plantadas no Brasil com a fundação da “Casa de Xelegbatá em São Luís do Maranhão.”
A Alvi-celeste de Nilópolis foi a última escola a desfilar no Domingo, já com o dia raiando. Os que acompanharam todo o carnaval de 2001 sabiam que a escola era franca favorita ao título, que contava além do belo enredo com um dos sambas mais bonitos da safra, e também pelo fato da Beija-Flor ser tradicionalmente competente ao desenvolver enredos afros.
beija-flor 2001A Comissão de frente era composta por mulheres sacerdotisas de Agotime, que foi simbolizada por uma pantera negra, pois segundo a tradição Vodum, era o animal a que se transformava a Rainha. Com coreografia específica, a fantasia ainda é um dos “posters” mais popular do carnaval, tinha dupla face, ora felina, ora mulher, admirável e muito aplaudida na Avenida.
Na seqüência uma ala chamava a atenção pela forma que suas integrantes desfilavam: acocoradas, eram as Pretas Velhas, teatralizando este rico personagem do culto afro.beija-flor 2001 Reza a lenda, que nos bastidores da escola, houve intensos e exaustivos ensaios, para que o resultado fosse alcançado, e a ala impressionou. Senhoras que venceram o cansaço físico, da concentração à dispersão desfilando encurvadas.



beija-flor 2001As baianas de Nilópolis estavam muito bem trajadas, animadas, com uma fantasia que iam do branco, laranja, vermelho ao marrom, sintetizando em cores a Velha África.






Belas alegorias estampavam o brilho desse cortejo afro, como todo enredo afro, cores e estilo que remontavam o negro, sua fé, cultura e principalmente a estória da personagem principal, Agotime:
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A Bateria deu um show à parte, com bossas bem realizadas, ajudando a balançar o público nas arquibancadas, e contou com 300 ritmistas, comandada pelos Mestres Plínio e Paulinho Botelho, sacudindo os 4.500 componentes da Escola, que ajudaram a escola a faturar o Estandarte de Ouro de Melhor Escola e Enredo.
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Estas duas imagens ajudaram a eternizar o desfile da Beija-Flor em 2001, com um desfile do mais alto gabarito, mais uma vez, demonstrando a força da comunidade de Nilópolis, apesar dos jurados terem dado a escola notas que culminaram com a segunda colocação, no grupo de elite do carnaval carioca.
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Recordar é viver, agradeço a todos que lêem religiosamente o nosso periódico, especial esta coluna. Bom carnaval a todos, paz e muita alegria!
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